quarta-feira, 3 de junho de 2009

Ausência


A mente profunda é a mente que se regozija em ser conduzida pelo poder que purifica,
um poder que protege e acalma a própria mente, acalentando e afastando
o veneno que desintegra e rompe as agradáveis relações humanas.

Há espinhos que irritam e ferem — por que não dizer, uma espada que mata.




Basta amar e ter amigos que um dia a ausência é sentida. É forte, tão marcante que vejo nela presença de encanto e saudade.

Sentir a ausência de alguém já é sofrer frustração, o que mesmo assim faz da vida uma poesia. Somos aprendizes de como tratar a ausência, profundo sentimento de dor... Resta-nos fazer disso não um problema, mas um aprendizado. Estamos preparados para receber felicidade, mas saber lidar com as dificuldades é conseguir a prática da sabedoria.

Para entendermos a ausência e os demais obstáculos com consciência, devemos aceitar a felicidade e a tristeza como uma unidade. Não existe amor insubstituível; a ausência é a oportunidade de renovação.

Pensemos no tempo que perdemos por não termos tempo para pensar. Tendemos a achar que a realidade é mais difícil do que realmente é. Na verdade, as soluções não são inatingíveis e tudo pode estar ao nosso alcance, de repente.

Precisamos dar um passo à frente da solidão da ausência de alguém ou de algo que nos persegue. Um passo à frente do drama que criamos diante da ausência — ela poda nossos objetivos... Um passo à frente de nós mesmos, e sentir que, além da ausência, há uma realidade além da sua. O mundo é vasto demais para nos afogarmos nas lágrimas provocadas por uma ausência. Nos limitamos em nós mesmos, fechando as perspectivas do novo.

Um passo à frente, caminhar, seguir... A vida oferece os caminhos. Criar esperanças que nortearão nossos passos. Grande parte deles poderá ser concretizada; a outra parte, algemada pela ausência, é só ilusão, pois devemos deixar o passado passar.

Falando de mim — cristais estilhaçados às vezes rolam em minha face com a ausência, não só de quem partiu em viagem sem volta, mas também a de amigos, adolescência, mocidade, trabalho, ocasiões festivas... e, acima de tudo, aconchego familiar.

Gosto de sentir o cheiro do que permanece, do que ficou real, porque, afinal, a vida não tem limites, a vida permanece... O tempo passa, mas não envelhece... Difícil, mas uso da coragem diante da vida, procurando viver sem ter medo de mim mesma.

Saber ser feliz... saber que sempre a ausência, de alguma forma, fará parte de nós... Saber esperar a cada dia uma possível mudança...


Lídia Valéria Peres


A ausência é forte, tem personalidade...
Revide com sua presença plena na distância e na saudade.
Lídia Valéria


14 comentários:

Albani disse...

Amiga, Lidia!
Quanta verdade, expressa, em seu poema!Ausência machuca, mas feliz de quem aprendeu amar, pois pode viver fases com saudades e vivência.
Um grande abraço
Albani

Albani disse...

BOA NOITE!!!!

Lembrei-me de você e senti
vontade de dizer-lhe Boa Noite.

"Que Deus ilumine o seu caminho e os seus
sonhos dessa noite e traga ao seu novo dia,
uma fonte grandiosa de tudo que existir de
melhor!"

Beijão fraterno
Albani

Lídia Valéria disse...

Albani, amiga leitora, sua visita é sempre uma alegria.

Visita meu blog, lê meus textos e me gratifica com seus comentários.

Ser lembrada apenas para me desejar 'boa noite', faz-me sentir querida.
Isso é bom, amiga leitora.

"...Beberemos dessa fonte do bem que você me oferece... e nosso dia será pleno."

Tenha uma linda semana.

Anônimo disse...

Mulher.

Você deve ser uma das pessoas mais belas que eu já conheci. Sorte de quem está perto de você.

Um admirador da sua arte.

Anônimo disse...

Meu DEUS!

Você é um espetáculo. Espero que seja tão valorizada como merece!
Você tem livros publicados? Por qual editora?

Parabéns.

The Team disse...

Você se supera cada vez mais. Tenho ORGULHO.

GLAUCO

Lídia Valéria disse...

Anônimo, seu elogio supera o que espero sempre de meus leitores.

Sou pessoa comum que ama a vida e aproveita pequenas fatias de felicidade que ela nos oferece. Sei lidar também com trovões e tempestades.

"EU" tenho a sorte de conviver com dois filhos que me orgulham, pessoas que me completam com amizade, me estendem as mãos e me abraçam. Isso resume para mim, "mulher, beleza, espetáculo"...

O ano que segue a este talvez esteja um livro publicado.

Maior elogio é ser chamada "Mulher".

Coloco amanhã um post sobre o que penso de mim.

Fico-lhe grata.

Lídia Valéria disse...

Glauco, meu filho, obrigada por sua presença que me afaga e incentiva.

Albani disse...

Lidia, amiga!Deus continue a te fortalecer.Realmente é um grande elogio ser chamada de mulher!
abraço Albani

Albani disse...

Amiga, vc é possuidora dessa arte!
A arte de ser feliz

Houve um tempo em que minha janela se abria
sobre uma cidade que parecia ser feita de giz.
Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco.
Era uma época de estiagem, de terra esfarelada,
e o jardim parecia morto.
Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde,
e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas.
Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse.
E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros
e meu coração ficava completamente feliz.
Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor.
Outras vezes encontro nuvens espessas.
Avisto crianças que vão para a escola.
Pardais que pulam pelo muro.
Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais.
Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar.
Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega.
Ás vezes, um galo canta.
Às vezes, um avião passa.
Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino.
E eu me sinto completamente feliz.
Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas,
que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem,
outros que só existem diante das minhas janelas, e outros,
finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.


Cecília Meireles

Lídia Valéria disse...

Albani, amei o texto de Cecília Meireles. Obrigada!

Você dedica a mim palavras elogiosas, me deixa 'encabulada', porém, muito feliz.

Elogiar também é uma arte! Você tem esse dom, o que é um diferencial no mundo de hoje, onde as pessoas mais criticam. Você é do bem.

Lídia Valéria disse...

Albani, você concorda comigo em dizer que ser chamada MULHER... é 'embriagador'.

Procuro ser mulher em toda minha totalidade, acima de tudo — Mãe!
Abraço amigo.

Joana disse...

muito legal esse blogue!
=)

Lídia Valéria disse...

Joana, fico-lhe grata por achar meu blog 'legal',
Volte sempre.
Abraço.

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