segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Saudade


Saudade é uma palavra triste.
Dentro dela o amor existe.
Como uma borboleta, vagando de flor em flor,
busco com saudade esse amor...
Amor da minha infância,
criança, usava tranças...
sapeca, levada da breca!
Gostava de jogar peteca, andar de bicicleta,
e até puxar os cabelos de minhas amigas "atletas"
que riam me vendo brincar com bonecas...
Saudade de cada momento vivido,
aprendendo a importância de cultivar
boas amizades...
Saudade das cerimônias, em casa,
onde eu recitava... a família se orgulhava...
Mas na hora da meninice, fazia artes!
Doces e bombons dos potes eram roubados!
Eram comidos entre outras gulodices...
Minha mãe em voz alta falava...
e me castigava.
Saudade de minha adolescência,
quando com muita decência namorava...
Beijos roubados, escondidos, molhados...
tão escandalizados... que outrora se negava...
Saudade que no tempo eu não sentia,
mas a verdadeira poesia
está no tempo... ficou pra trás.
Ah!... Eu era feliz e não sabia!
Hoje, só melancolia...
Saudade, desejo ardente,
que o passado se faça presente!
Saudade de ver como eu era antes
de correr atrás do arco-íris...


Lídia Valéria Peres

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Poder brindar a um futuro assim


Imaginar o impossível, misterioso, utópico...
Uma coisa boa diante de outra coisa boa... porém real!
O mundo mudando de atitude, atitudes elevadas.
Todos juntos numa caminhada,
um só pensamento, um só querer, um só coração,
sendo possível num só compasso,
um compasso visível do amor interagindo com o mundo.
De forma tão altruísta que enterneceria o coração de cada ser humano,
sem ser esquecida a condição merecida aos animais, à natureza...
O ser humano está no mundo para ser feliz.
Os sofrimentos, as dores, as ilusões, as alegrias, a felicidade...
Tudo é passageiro... Tudo passa...
Mas os atos, não! Continuam!...
Se houvesse uma conexão de solidariedade e amor
com visão de futuro e mundo,
a mudança aconteceria...
As atitudes mudariam as ações e o amor seria a redoma do mundo!
Solenemente faríamos a paz vibrar e o mundo seria diferente,
com paz... contente...
Se não for possível assim... e uma só pessoa quiser mudar,
para SER e não TER...
terá que fugir!...
Para onde?
O Sol de um novo dia fortalece a esperança no meu coração...
A cada novo dia quero ter forças renovadas para alegrar-me
e ter fé para acreditar num futuro sem desigualdades...
Quero poder agradecer pela dádiva da vida em um mundo melhor.
Isso está em minhas orações.
Quero olhar o mundo com a pureza que Deus o fez.
Aí colheremos só beleza, paz e amor.
Mudar o mundo... surpreendendo o próprio mundo!
Transformar, ousar, mudar...
O importante é surpreender com sabedoria, sempre!
Depois... a música da vida estará nos compassos de corações felizes.

"Todos os dias Deus nos dá, junto com o Sol,
um momento em que é possível mudar tudo que
nos deixa infelizes..."

(Último parágrafo citado por Paulo Coelho)



Lídia Valéria Peres

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

No Mosteiro dos Jerónimos, em Portugal



Em frente ao Mosteiro dos Jerónimos.

Na entrada da igreja que existe lá dentro, um cartaz avisava para que houvesse silêncio. Esperava ouvir ''o som do silêncio''... Prostrei-me diante do altar.

Agradeci, sem fazer oração, pois é o meu jeito de rezar — apenas converso.

Tentei concentrar-me naquele lugar de paz, onde tudo é bonito, mas eu sempre era interrompida por pessoas que passavam, tirando fotos, diante da beleza magnífica da igreja. Meus olhos não brilhavam pelo brilho que o lugar ostenta, pelo contraste da prata, do ouro, que ilumina o concreto, nem pelos vitrais deslumbrantes com imagens que representam o clero. Flores, imagens, peças ornamentais... Prendi-me olhando de frente para o altar. Para onde? Para o quê?

Eu sentada no banco (seta). Foto tirada por meu filho.

Fixei no "nada", apenas agradecendo por tudo o que tenho, pelo privilégio de estar ali, pelo que consegui nesses quinze dias vendo a beleza e a paz de Portugal. Em minha prostração, percebi, depois de algum tempo, pinturas esplendorosas, que, para mim, palavras para defini-las são indizíveis. Olhei com ternura, respeito, e mais uma vez agradeci.

As pessoas passavam sem parar, tornando difícil a concentração, porque falavam, mais alto que deviam, esquecendo-se do aviso da entrada. A animação era geral, em contraste com o que o ambiente pedia. Eu continuava sentada no primeiro banco. Percebi que já não estava perscrutando a igreja, mas sim as pessoas, chamando minha atenção, que, de tanto entusiasmo, não se continham. Queria me concentrar mais para me envolver com a energia daquele lugar... Contudo, meus pensamentos eram perturbados por palavras soltas no ar de admiração, passos apressados, flashes, elogios em tons inadequados para, como dizem, a casa de Deus. Sem querer, estava eu interrompendo minha concentração para, em pensamentos, criticar as pessoas que não paravam para uma pequena oração. Estavam ali para filmar, estupefatas. Mesmo não querendo, a curiosidade pela ostentação das pessoas fazia-me criticar mentalmente. Estava eu em pé de igualdade com eles, porém, de outra maneira.

Concentrei-me novamente na paz e serenidade do lugar e procurei beber a energia que ali sondava. Senti-me feliz por estar absorvendo mais a serenidade da igreja, que a beleza. Meus motivos eram outros para estar ali. Seria soberba de minha parte? Não sou de freqüentar templos; não sou católica, mas creio em Deus como Inteligência Suprema e Criador do Universo. Sou eclética em termos de religião e sou feliz por isso.

Saindo dali mais leve, mais calma, sentindo-me energizada, pude notar que, chegando em passos firmes, vinha meu filho, que, entre admiração e flashes, rodopiava a igreja tirando fotos, como todos.

Quem me olhasse, notaria em minha face um leve e tímido sorriso irônico.

Ao lado do túmulo de CAMÕES. Igreja no Mosteiro dos Jerónimos.

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