sábado, 7 de novembro de 2009

Minha voz

Muitas vezes falamos, falamos e não somos ouvidos. Temos a sensação de estarmos sozinhos, com nossas  palavras ao vento. Nem sempre somos entendidos, e torna-se difícil a caminhada. A estrada é longa e na "travessia" nem sempre nos convidam — ao contrário, deixam-nos na encruzilhada. Às vezes nos tornamos carentes.

Não podemos 'parar'; devemos continuar nossa jornada, e navegar algumas vezes a favor do vento, outras contra ele, enveredando sempre mar afora...  Mar que às vezes é ardiloso, contudo, é a garantia de uma aprendizagem mais sólida na convivência entre os seres humanos no mundo em que vivemos. 

Quando minha voz se calou, ninguém entendeu meu vazio — guardei minhas palavras, que eram traços de minh'alma. Difícil alguém saber ouvir o coração das pessoas, o interior de seu silêncio, seus sentimentos mudos, seus medos não confessados e suas queixas silenciosas... Ouvem apenas as palavras pronunciadas pela boca, não o que vai no seu interior, seus sonhos, desejos e convicções. Mister ouvir o lado inaudível das coisas,  mas que tem o seu valor, pois é o lado  real do ser humano... Seria assim o mundo mais afetuoso, teríamos mais motivação para viver, aprender, e melhor compreender — uma renovação.

Fale os anseios de seu coração ainda que a realidade lhe dê limites. Não se preocupe  se será ouvido ou não, mas sempre com coerência e convicção.

Fale baixo, calmamente. Quem fala ou grita, sempre perde a razão.
Experimente.




Minha voz 

Cantei e a essência da minha voz se calou.
Meu canto era surdo, mas minha voz sempre terna.
Meu jardim estava majestoso, florido, perfumado. 
Mas por que eu o sentia cheio de neve?
Porque não era ouvida, meu coração gelava?
Impaciente, esperava minha voz  ser percebida,
talvez por um pássaro, mesmo sendo ele inacessível.
Fazia silêncio e minha voz subia ao vento, ao relento
de bosques antigos que com sua força tomavam meu coração
e me aqueciam nessa voz que libertava minh'alma.
Esfriei minhas lágrimas de desencanto, e, sem choro nem pranto,
fortalecida, senti o vento forte que apagava a luz da lua.
Sozinha, me perdi em devaneios de corpo inteiro...
 ouvi meu coração que não precisava de bens e de glórias
para alcançar o privilégio de amor nas vitórias.
Difícil nostalgia, e para conseguir o que almejava,
me aninhei, como aprendiz, ao núcleo do tempo 
para me harmonizar com os velhos sentimentos. 
Livrei-me da utopia levando minhas mãos para o céu
e uni-me à cintilância das estrelas, ao encontro do meu ser.
Assumi a continuidade de minha consciência que continua 
através dos sonhos, em busca de sentimentos celestes,
para usufruir uma existência real às minhas querenças.
Abri as portas do meu coração e das janelas de minh'lma
e saboreei um canto novo, com sabor e perfume do passado,
que é melhor que absorver qualquer álbum de recordações.
Sou um álbum vivo e revejo as lembranças latentes adormecidas, 
para uma aceitação coerente de reconhecimento em minha vida.
Não aprisiono o hábito de ser feliz, fugindo ao abismo de sombras,
 fraquezas e frustrações, sem me agarrar às minhas decepções.
Renovo-me. Luzes clareiam o que sinto e minha sabedoria 
aumenta quando reflito. Que efeito bom me causa isso... 
Escrevo eu poemas por causa disso?
Reflito no ritmo de minha mente... Sem ela, perco meu inteiro.
O amor ficou, de conduta moral elegante, mantendo as chamas do
coração que soube o que é amar, subestimando o orgulho e a fantasia. 
Minha voz hoje alcança todas as notas musicais: 
é firme, meio rouca, mas serenamente sonora.
Atento para uma faceta pertinente, assim como o mais rico
dos talentos: a dúvida.
Hoje minha voz é percebida.
Mas por que eu sinto às vezes neve em meu jardim?

 Perdi alguma nota musical?

Lídia Valéria

Alfabetizar o coração para uma aprendizagem
esclarecedora é benificiar nossa existência, 
renovando nosso modo de sentir.
Lídia Valéria 

9 comentários:

ALBANI disse...

Oi querida amiga, Lidia!
Nossa voz, que muitas vezes, descreve nosso interior, tem um poder sem igual, de interpretação. Se calma, meiga, educada, ríspida, alterada, exala sempre o que vai no coração.Sofrimento,dor, alegria tristeza, não importa, o que a voz trás a tona é sempre o grito do que somos, queremos e sentimos.Se as neves, ainda precipitam-se em teu jardim, sussurra o teu canto de compreensão, perdão e Amor, não permitindo, tua voz calar.Já conseguiste que tua voz fosse percebida,então, continue a cantar teus exemplos de vivência e a neve logo derreterá.
Parabéns
Albani Silva

Lídia Valéria disse...

Albani, querida leitora, escreveu lindamente. Muito expressiva sua reflexão.

Há neve em muitos jardins pelo mundo afora... Embora lindos e perfumados, dependem da realidade em que estamos vivendo. Ela cai inesperadamente.

Refetir, conservando dentro de nós amor e empatia, nossa caminhada é 'de bem com a vida'.

Tudo passa, ganhamos mais força e podemos superar a 'neve' a cada visita.

E viva a vida!
Obrigada e grande abraço, Albani.

ALBANI disse...

Oi Lidia!Vivamos a vida!
Realmente, tudo passa,basta fortalecermos p/ quado o momento inesperado surgir,vencermos com altruísmo.
Grande abraço
Albani

GLAUCO disse...

Parabéns por este post! Um dos mais bonitos aqui! Profundo! Uma verdade bem poética!

Albani, o que você escreveu lá no primeiro comentário foi muito bonito. Parab;ens e obrigado por esse carinho aqui no blog.

ALBANI disse...

Glaucoooooooooooooo
Amigo, é uma honra está presente num blog, tão bem elaborado, cheia de magia e respeito pelo leitor.
Saiba, que, tanto vc, como a Lidia conquistaram meu respeito e amizade.
abraço
Ps!Sempre me refugio aqui e em seu blog, sinto-me amparada e ouvida.
Albani

Anônimo disse...

Oi, eu concordo com eles, você está de parabéns pelo blog, é muito bonito, eu assino embaixo. Irei vir sempre aqui.

Ana Maria - Campo Grande

Lídia Valéria disse...

Ana Maria, de Campo Grande, feliz que tenha gostado e dizendo que voltará.

É a 'Magia do Contato': você entra, lê, promete voltar, deixando o rastro de 'sua magia' no meu espaço; eu, feliz, acredito que posso continuar escrevendo com seu incentivo.

Fico-lhe grata e já fico a sua espera.
Abraço, caríssima leitora.

Lídia Valéria disse...

Glauco, meu querido, um comentário 'seu' vale por mil, por sua coerência crítica. Faz-me acreditar que meu poema é profundo, bonito e de verdade poética.

Abraço.

¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨
Albani, presença amiga, deixou-me lisonjeada, caríssima leitora.

Obrigada por seu respeito e carinho. Sente-se 'amparada', 'ouvida' e 'refugia-se' em meu blog...

Preciso de mais elogios? Esse é mágico!
Abraço.

Albani disse...

Olá Lidia!
Vim te desejar um lindo final de semana!
Muita paz e luz em teu ser.
abraço

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