sábado, 12 de maio de 2012

Pensei... Um pouco mais de mim

 

Nada nos pode ser dado que já não exista em nós mesmos. Ninguém pode abrir-nos outro mundo de imagens além do que há em nossa própria alma. Podemos, sim, ter a oportunidade, o impulso, a chave para seguir em frente e conquistar o que almejamos. Podemos, sim, ter ajuda para tornar visível o nosso próprio mundo.
E isso é tudo.


Pensei...

Uma vez... um dia... sonhei.

Pensei em transformar abóbora em carruagem,
andar pelo mundo com ela... mudar a minha imagem.

O mundo disse que não.
Sem pensar atirou-me ao mar...

Fiquei muito tempo a nadar, conservando-me à tona.
As ondas e o vento jogaram-me ao alento.

Em sofreguidão vi-me na areia... molhada, suja, feia.
Percebi que as abóboras continuavam abóboras,

os ratos eram mesmo ratos,
os pássaros voavam livremente sem me ver.

Meu corpo não vestia nada de seda, nem bordados e brilhos,
meus sapatos não eram de cristal.
Constrangida, senti-me mal.
 Eu, era só eu.

Não queria submeter-me ao mundo, onde muitos enganam.
Pensei ser uma flor, que nasce da terra,

e fertilizada faz nascer outras flores...
Seria eu mãe de todas elas.

O mundo disse que não.
Pensei ser o Sol e a Chuva,
que faz florescer o mundo...

O mundo disse que não.
Pensei ser um pardal.

Voar ao encontro do arco-íris e ultrapassá-lo...
O mundo disse que não.
Pensei ser um vaso de flores.
 Abraçaria todo o colorido e o perfume, e delas seria a rainha.
O mundo disse que não.

Pensei ser uma mulher carente... dona de pequenas e simples histórias.
No amor — frágil, sonhadora, quase perdendo o coração.

Fingem que me amam e eu finjo que acredito.
O mundo disse que isso me cai bem.

Pudesse eu unir meu concreto e meu abstrato,
posaria para uma foto e exporia na parede meu retrato...
Pensei juntar meus cacos pelo mar, pela areia, pelo chão...
O mundo me disse — Tem razão.
Pensei que poderia ser uma Cinderela...
Tantos sonhos! Devaneios... Nunca mais!
Serei apenas o acalanto de um abraço,
ficar no tempo e amenizando dissabores,
me eternizando e preenchendo espaço de cada entrelaço.
 

Pensei ser o mundo... 
E ele me disse que eu sou eu.

Lídia Valéria
Pensei que seria bom meu futuro.
O mundo aprovou, me abraçou e me deu de presente dois amores:
Minha filha, Meu Sol; meu filho, Meu Porto Seguro — Fontes de luz em minha vida.
Dois pontos de referência em minha caminhada.
Não quero do mundo mais nada!

5 comentários:

Glauco disse...

Talvez o post mais bonito e profundo aqui. Cheio de significados...

Albani disse...

Lili
Encontro-me nessa publicação,Onde, a imaginação vai além das fronteiras de nossa consciência inconsciente.Pois, falamos, lutamos e muitas vezes nos perdemos em nossos medos.
Precisamos, aprender aqui, sonhar e lutar pelos sonhos.
Com certeza muito profundo e reflexivo como sempre.
Parabéns, que tua inspiração alcance grandes voos.

Lídia Valéria disse...

Glauco, meu escritor favorito, traz luz ao meu blog — Obrigada.

Abraço forte.

Lídia Valéria disse...

Mais uma vez presente, amiga leitora Albani. Sempre atenciosa e doce.
Prazer imenso recebê-la.

Grata.

Albani disse...

Amiga
Seu blog, é muito acolhedor.Aqui, sempre me renovo, em tuas reflexões e imaginação.
Abração
Saudades!

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