Em frente ao Mosteiro dos Jerónimos.
Na entrada da igreja que existe lá dentro, um cartaz avisava para que houvesse silêncio. Esperava ouvir ''o som do silêncio''... Prostrei-me diante do altar.
Agradeci, sem fazer oração, pois é o meu jeito de rezar — apenas converso.
Tentei concentrar-me naquele lugar de paz, onde tudo é bonito, mas eu sempre era interrompida por pessoas que passavam, tirando fotos, diante da beleza magnífica da igreja. Meus olhos não brilhavam pelo brilho que o lugar ostenta, pelo contraste da prata, do ouro, que ilumina o concreto, nem pelos vitrais deslumbrantes com imagens que representam o clero. Flores, imagens, peças ornamentais... Prendi-me olhando de frente para o altar. Para onde? Para o quê?
Fixei no "nada", apenas agradecendo por tudo o que tenho, pelo privilégio de estar ali, pelo que consegui nesses quinze dias vendo a beleza e a paz de Portugal. Em minha prostração, percebi, depois de algum tempo, pinturas esplendorosas, que, para mim, palavras para defini-las são indizíveis. Olhei com ternura, respeito, e mais uma vez agradeci.
As pessoas passavam sem parar, tornando difícil a concentração, porque falavam, mais alto que deviam, esquecendo-se do aviso da entrada. A animação era geral, em contraste com o que o ambiente pedia. Eu continuava sentada no primeiro banco. Percebi que já não estava perscrutando a igreja, mas sim as pessoas, chamando minha atenção, que, de tanto entusiasmo, não se continham. Queria me concentrar mais para me envolver com a energia daquele lugar... Contudo, meus pensamentos eram perturbados por palavras soltas no ar de admiração, passos apressados, flashes, elogios em tons inadequados para, como dizem, a casa de Deus. Sem querer, estava eu interrompendo minha concentração para, em pensamentos, criticar as pessoas que não paravam para uma pequena oração. Estavam ali para filmar, estupefatas. Mesmo não querendo, a curiosidade pela ostentação das pessoas fazia-me criticar mentalmente. Estava eu em pé de igualdade com eles, porém, de outra maneira.
Concentrei-me novamente na paz e serenidade do lugar e procurei beber a energia que ali sondava. Senti-me feliz por estar absorvendo mais a serenidade da igreja, que a beleza. Meus motivos eram outros para estar ali. Seria soberba de minha parte? Não sou de freqüentar templos; não sou católica, mas creio em Deus como Inteligência Suprema e Criador do Universo. Sou eclética em termos de religião e sou feliz por isso.
Saindo dali mais leve, mais calma, sentindo-me energizada, pude notar que, chegando em passos firmes, vinha meu filho, que, entre admiração e flashes, rodopiava a igreja tirando fotos, como todos.
Quem me olhasse, notaria em minha face um leve e tímido sorriso irônico.
Quem me olhasse, notaria em minha face um leve e tímido sorriso irônico.
6 comentários:
Olá querida Lidia, fiquei muito feliz de você ter seu espaço literário, pois bem sei o que representa para a gente este. Desejo a você muito sucesso, e que não se esqueça de nossa AVSPE, venha mais vezes postar suas poesias, pois dela precisamos ao nosso meio. Com admiração,Efigênia
Nossa, deve ser mesmo muito lindo lá, eu sempre quis conhecer e ainda vou e vou lembrar desse blog, obrigada
Fátima Melissa - Atibaia
Quem ali na foto é mais nobre? Você ou Camões?
:-)
GLAUCO
Efigênia, feliz por recebê-la.
Fada dos poetas! Estrela de nossa
AVSPE...
Sua presença e seu brilho 'enriquecem' meu espaço literário.
Meu carinho, meu respeito.
SHALOM!
Alô, Atibaia!...
Fátima Melissa, vá conhecer. Vale visitar Portugal e suas maravilhas.
Grata pela visita.
SHALOM!
Glauco, meu filho, nobre, para mim, nem eu, nem Camões, mas 'quem' tirou essa foto...
Quem será, hein?!?...
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